“Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações” é o tema da Mensagem, inspirada em dois versículos da Primeira Carta de São Pedro (cf. 3, 15-16): “No íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor, sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vô-la peça, com mansidão e respeito”.
Antes de desenvolver sua reflexão, Francisco faz uma análise da comunicação atual, marcada “pela desinformação e pela polarização, em que alguns centros de poder controlam uma grande massa de dados e de informações sem precedentes”. Diante das conquistas da técnica, o Santo Padre pede que se cuide do coração. “No centro da comunicação deve estar a responsabilidade pessoal e coletiva para com o próximo.”
Com frequência, a comunicação não gera esperança, mas sim medo, preconceitos e rancores, fanatismo e até ódio. Como em outras ocasiões, o Pontífice insiste na necessidade de “desarmar” a comunicação. “Nunca dá bom resultado reduzir a realidade a slogans”, escreve. Desde os talk shows televisivos até as guerras verbais nas redes sociais, há o risco de prevalecer o paradigma da competição, de fazer do outro um “inimigo”.
Comunicação cristã: dar com mansidão a razão da nossa esperança
“A esperança dos cristãos tem um rosto: o rosto do Senhor ressuscitado”, recorda o Pontífice. Os cristãos não são, antes de mais, aqueles que “falam” de Deus, mas aqueles que fazem ressoar a beleza do seu amor, uma maneira nova de viver cada pequena coisa.
“A comunicação dos cristãos deve ser feita com mansidão, com proximidade: eis o estilo dos companheiros de viagem, na pegada do maior Comunicador de todos os tempos, Jesus de Nazaré.” Francisco então expõe seus “sonhos” na comunicação: uma comunicação que saiba fazer de nós companheiros de viagem; capaz de falar ao coração; de gerar empatia, interesse pelos outros; que não venda ilusões ou medos, mas seja capaz de dar razões para ter esperança.
Para isso, acrescenta, precisamos nos curar da “doença” do protagonismo e da autorreferencialidade, pois o bom comunicador faz com que quem ouve, lê ou vê se torne participante. Comunicar desse modo ajuda a nos tornar “peregrinos de esperança”. A esperança é sempre um projeto comunitário, e o Jubileu tem implicações sociais, escreve por fim o Santo Padre, concluindo com algumas exortações para tornar o mundo menos indiferente e um pouco menos fechado:
“Encorajo-os a descobrir e a contar tantas histórias de bem escondidas por detrás das notícias; encontrar as centelhas de bem que nos permitem ter esperança; ser mansos e nunca esquecer o rosto do outro; praticar uma comunicação que saiba curar as feridas da humanidade; ser testemunhas e promotores de uma comunicação não hostil, que difunda uma cultura do cuidado e construa pontes. Tudo isto podem e podemos fazê-lo com a graça de Deus, que o Jubileu nos ajuda a receber em abundância. Por isto, rezo por cada um de vocês e pelo seu trabalho, e os abençoo.”
Dom Jaime Pedro Kohl