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José “Pepe” Mujica

por Nicole Corrêa Roese

Ainda sob os holofotes da eleição de um novo Papa latino americano, embora portador de certidão norte-americana, recebemos a notícia da morte de uma liderança expressiva no campo político e social: José “Pepe” Mujica.
Mais do que sua militância nas disputas partidárias no Uruguai, há um reconhecimento global de sua coerência e testemunho de vida.
Conhecido como o presidente uruguaio do fusca azul ou o “ex-presidente mais pobre do mundo”, manteve um estilo de vida simples assim como uma linguagem direta e de fácil compreensão. Até seus últimos dias viveu num pequeno sítio nos arredores de Montevideo, onde cultivava flores e legumes. Tinha a seu lado o amor de sua vida: Lucía que lhe acompanhou nos últimos 40 anos, inclusive nas aventuras políticas. Por 20 anos dividiu também seus afetos com Manu, uma cadela de 3 patas. Em vida pediu para ser enterrado próximo a ela, possivelmente num gesto de afirmação da simplicidade e universalidade da vida.

Suas falas condizem com seu estilo de viver e são um apelo diante de uma economia agressiva para com a vida das pessoas. Por muitas vezes repetiu que quando compramos bens materiais não estamos gastando dinheiro, mas gastando vida. O que conhecemos de seu pensamento são retalhos de conversas com interlocutores que o procuravam para entrevistas ou para conversas de aprendizado. Ou então, suas falas em eventos que reuniam pessoas dispostas a debater o sentido político do viver.

Nas redes sociais, ao longo destes últimos dias, acompanho pessoas reproduzindo parte de suas falas. Não são textos ou trechos de obras. São falas. Geralmente acompanhadas de uma imagem sua, que também é uma fala.
Enquanto presidente, mesmo em atos formais, negava-se a usar um terno. Sentia-se agredido em sua identidade. Sandálias que deixavam os pés expostos eram a marca de quem jamais deixou de ter os “pés no chão” da realidade e da vida.
Seu jeito de compreender a vida e o mundo foram e sempre serão uma provocação, não como uma receita a ser repetida, mas como um desafio a ser abraçado pelos amantes da vida.

Permito-me também reproduzir um fragmento do que guiou este grande mestre do viver:
Pobres no son los que tienen poco. Son los que quieren mucho. Yo no vivo con pobreza, vivo con austeridad, con renunciamiento. Necesito poco para vivir.

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